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Equipe multidisciplinar realiza cirurgia intraútero no Ceará

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O período da gravidez costuma ser tratado como época de sonhos e planejamento, mas, infelizmente, algumas famílias são surpreendidas com notícias sobre complicações com o bebê. Uma equipe multidisciplinar de médicos e cirurgiões oferece, a partir de agora, em Fortaleza, a possibilidade de intervir para aliviar afecções ainda durante a gravidez, por meio de cirurgia intrauterina, também chamada de cirurgia fetal.

Os médicos Edson Lucena e Herlânio Costa, obstetras e especialistas em Medicina Fetal, Aldo Melo – cirurgião pediátrico, e Eduardo Jucá, neurocirurgião pediátrico, trabalham de forma multidisciplinar desde o diagnóstico da doença, avaliando, de forma combinada, a condição da mãe e do bebê para avaliar a necessidade de intervenção cirúrgica ou não. A equipe ainda é apoiada pelos anestesiologistas Fernando Castro e Péricles Lucena e pela obstetra Denise Cordeiro. “A junção dessas experiências e dessas formações permite olhares diferenciados, sob ângulos distintos, complementando o tratamento”, comenta Aldo Melo.

A cirurgia fetal, que começou seu desenvolvimento nos Estados Unidos na década de 1990, foi realizada pela primeira vez no Brasil em 2004, em São Paulo. Trata-se de procedimento em que os cirurgiões realizam operação enquanto o bebê ainda está dentro do útero. Após a correção, o útero é, então, fechado e o bebê continua a crescer e se desenvolver no útero até o nascimento.

Tais intervenções podem ser realizadas por cirurgia fetal a céu aberto ou por fetoscopia, de acordo com cada situação clínica, por exemplo, em casos de tumores, cardiopatias, transfusão feto-fetal (que pode ocorrer em casos de fetos gêmeos), hérnia diafragmática congênita e mielomeningocele. Também chamada de espinha bífida, a mielomeningocele é uma das grandes indicações desta intervenção. Tal doença surge quando, no início da gravidez (antes da sexta semana), a coluna vertebral e a medula espinhal não são formadas adequadamente. Ocorre em cerca de um bebê em cada 2.500 gestações.

 “A atuação de alguns profissionais da equipe de cirurgia fetal ocorre não apenas por ocasião da intervenção intrauterina, mas também na avaliação e no seguimento criterioso da criança após o nascimento, notadamente nos seus primeiros anos de vida”, explica Eduardo Jucá. Os benefícios da cirurgia intrauterina para bebês com mielomeningocele foram comprovados em um estudo norte-americano chamado “MOMS”, ao acompanhá-los também durante a infância.

No seguimento neurocirúrgico, as crianças que foram operadas antes do nascimento, em comparação à cirurgia após o parto, apresentaram melhora neurológica e melhor movimentação das pernas. A malformação de Chiari II se torna menos grave (hérnia do cérebro posterior), com menor necessidade de válvula para hidrocefalia e melhoria na qualidade de vida destas crianças.

Nem todos os bebês com espinha bífida possuem indicação de realizar cirurgia fetal. O procedimento só pode ser indicado após avaliação adequada realizada por equipe médica treinada com olhar tanto sobre o feto quanto para a gestante. “Os benefícios para o paciente são serem vistos de forma integral, pois todos os casos são discutidos de forma pormenorizada, garantindo a transversalidade do cuidado”, ressalta Edson Lucena.

No cenário nacional, há poucas equipes que realizam cirurgia fetal e, mesmo no exterior, apenas centros muito especializados possuem equipe multidisciplinar para tal intervenção. Atualmente, a equipe em Fortaleza tem realizado intervenções não apenas em pacientes de nosso estado, mas atendido gestantes encaminhadas de outros estados da região. “A confiança e a tranquilidade com que está sendo trabalhada a situação é um grande ganho para outros médicos que nos pedem consultoria e, principalmente, para as famílias”, explica Herlânio Costa.

Foto: divulgação

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Rodrigo Kawasaki

Editor-chefe da Público A.