Quase 10% da população brasileira sofre algum transtorno de ansiedade
A Campanha do Janeiro Branco foi lançada com o intuito de chamar a atenção da população para uma temática ainda muito negligenciada: cuidados com a saúde mental. Os números mostram que o brasileiro precisa estar atento ao tema: a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta o Brasil como o país com o maior número de pessoas com transtornos de ansiedade do mundo. Cerca de 18,6 milhões de pessoas (9,3%) convivem com o transtorno. A OMS revela ainda que o Brasil também ocupa o topo do ranking quando o assunto é o tempo de convivência com a incapacidade provocada por transtornos psicológicos.
Outro transtorno psicológico com grande impacto mundial é a depressão. Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofram com esse transtorno. Em casos mais graves, a depressão pode levar ao suicídio. Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano – sendo essa a segunda principal causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos.
Segundo a psicóloga Elisângela Lima (CRP 11/5115), do Hospital São Camilo Fortaleza, é urgente que o preconceito dê lugar à atenção com a saúde de modo geral, não apenas da saúde física, mas também é importante intensificar os cuidados com a saúde mental, social e espiritual. “Ainda existe muita resistência em procurar atendimento psicológico e psiquiátrico por temor de ser taxado de louco ou algo do tipo. Entretanto, permitir cuidar da saúde mental é uma estratégia necessária para viver com mais qualidade de vida, para aprender a lidar com situações estressoras ou com relacionamentos disfuncionais”, diz.
Elisângela alerta ainda para um erro: muitas pessoas recorrem de imediato ao uso de medicações psicotrópicas sem um acompanhamento médico adequado, resultando muitas vezes em intensificação do transtorno ou na não resolutividade. Alguns outros temem ficar impregnados ou viciados na medicação. “É importante salientar que em alguns transtornos poderá ser necessário o uso da medicação, mas que esta deverá ser prescrita por um psiquiatra, com quem o paciente deverá fazer um acompanhamento regular”, afirma.
A medicação atua somente sobre os sintomas (melhora sono, apetite, irritabilidade, entre outros), mas a psicoterapia é que irá possibilitar que a pessoa desenvolva estratégias mais saudáveis de lidar com os problemas que a afligem, de modo a dar resolutividade a causa do seu sofrimento.