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[PÚBLICO A DESTAQUE] Com a Covid-19, o que mudou no setor de TI das empresas?

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Muitas empresas foram pegas de surpresa pela pandemia, que obrigou inúmeras organizações a se reinventarem sob pena de ficarem para trás em suas áreas de atuação. A transformação digital, normalmente um processo contínuo de inovação dentro das companhias, transformou-se em um “salto digital” por necessidade sendo realizado, inclusive, dentro de um curto espaço de tempo.

No Brasil, 52% das empresas aceleraram ou lançaram novas iniciativas para melhorar os recursos de colaboração e trabalho remoto, segundo a pesquisa “Não tem volta: como a pandemia transformou o cenário digital das empresas” feita pelo Google em parceria com a IDG, o que mostra que ainda há um muito a melhorar nas organizações nacionais no quesito tecnológico ligado ao trabalho remoto.

O relatório, fruto de entrevistas com dois mil líderes do setor de TI (Tecnologia da Informação) de empresas de 14 países, revelou que há quatro áreas importantes nas quais essas lideranças estão investindo para acelerar os esforços de transformação digital e se preparar para o futuro: adoção e gerenciamento de ambientes multinuvem e híbridos; análise de dados e inteligência (em geral, reforçada por Inteligência Artificial e “machine learning”); sustentabilidade do setor de TI para reduzir a pegada de carbono e os custos de energia; melhoria na segurança e mitigação de riscos.

Segundo a pesquisa, quase todas as organizações, estejam elas na vanguarda da adoção da tecnologia digital ou atrás da curva, transformaram algum aspecto das operações de TI para apoiar a dinâmica de transformação dos negócios.

Empresas digitalmente avançadas (aquelas que tinham se transformado totalmente ou que estavam implementando ativamente estratégias de negócios digitais) sofreram menos interrupções devido à Covid-19. Apenas 19% afirmam que sofreram grande impacto pela Covid-19, enquanto 33% das digitalmente conservadoras responderam o mesmo.

Outro dado é que a implementação de sistema em nuvem se disseminou. Mais de 80% das organizações já migraram, pelo menos, uma aplicação ou componente da infraestrutura para a nuvem. Na América Latina, 81% dos entrevistados afirmam que o suporte à nuvem híbrida ou a múltiplas nuvens é essencial ou um fator de consideração importante para escolher o provedor.

O estudo aponta também que os líderes de TI querem uma infraestrutura moderna que possam maximizar e que estão priorizando iniciativas que aproveitem ao máximo sua infraestrutura e seus ativos. Quase um terço afirma que as tecnologias e os sistemas legados são barreiras para a inovação e quase um quarto está acelerando os planos de melhorar o uso de inteligência e a análise de dados.

Organizações digitalmente avançadas são mais agressivas quanto aos recursos de análise de dados e IA: 44% delas usam atualmente análise baseada em nuvem, IA, “machine learning” ou tecnologia IoT (sigla em inglês para “internet das coisas”), enquanto 24% das mais conservadoras fazem o mesmo.

A sustentabilidade passou a ser uma das principais preocupações das empresas. 90% dos entrevistados afirmam que ela é prioridade “e/ou” métrica de desempenho para o departamento de TI. Dois terços das organizações já adotaram metas de sustentabilidade e 29% planejam implementá-las.

No Brasil, 75% das empresas afirmam que a sustentabilidade é um critério importante na escolha do provedor de nuvem e, sendo assim, esses provedores podem desempenhar um papel importante à medida em que a sustentabilidade se torna uma prioridade maior.

Segurança digital e barreiras à inovação

A preocupação com a segurança digital aumentou com a pandemia. Nos primeiros dias da crise, 61% dos líderes de segurança e de TI expressaram maior preocupação com os ataques visando funcionários que trabalhavam em “home office”. 73% disseram que a pandemia alteraria o modo como suas empresas avaliavam o risco pelos próximos cinco anos.

Dentre os líderes pesquisados, 84% acreditam que a infraestrutura da nuvem é tão ou mais segura do que a de suas próprias instalações. Isso, porém, não significa que as organizações se tornaram complacentes em relação à segurança ao trabalhar com provedores de serviços em nuvem pública. Embora contem mais com os provedores para garantir a segurança de dados confidenciais, apps e infraestrutura, elas também esperam que eles atendam às exigências específicas de segurança e conformidade.

No topo da lista de demandas, está a capacidade de usar os serviços em nuvem e manter o controle de acesso aos próprios dados. Ou seja, as organizações estão adotando um modelo de responsabilidade compartilhada conforme transferem seu cenário digital para a nuvem.

“A pandemia tornou muito mais evidente as ameaças à segurança das informações corporativas devido ao trabalho remoto que as empresas foram obrigadas a implementar para manterem suas atividades.  Muitas vulnerabilidades que ficavam escondidas atrás dos firewalls corporativos acabaram ficando muito evidentes. Isto afetou seriamente a infraestrutura de segurança de TI de forma indistinta em relação ao tamanho das organizações e hoje nenhuma empresa pode prescindir de ferramentas tecnológicas para prover o trabalho remoto com segurança”

Otto Pohlmann, CEO da Centric Solution, empresa de soluções em TI focada em pequenas e médias empresas (PMEs).

Em relação às barreiras à inovação nas companhias, a principal razão apontada globalmente foi o “conjunto insuficiente de habilidades do desenvolvedor e de TI” (36%), seguido por “riscos e preocupações com segurança” (33%) e “processos internos e estruturas de governança” (31%). Na América Latina, está em primeiro lugar as preocupações com segurança (34%) seguida pelos processos internos de governança (25%) e a falta de habilidades do setor de TI (24%).

Para Pohlmann, a questão do orçamento é o principal fator que dificulta processos inovadores. “A pandemia fez com que várias empresas apertassem seus orçamentos e houve uma demanda adicional por investimentos vindo da implantação da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), que exigiu investimentos, processos, treinamentos e ferramentas para assegurar a segurança e privacidade dos dados sob guarda das empresas. Isso tudo somado à necessidade de investimentos em tecnologia e segurança.”

Segundo André Mello, vice-presidente na América Latina da NSFOCUS, empresa internacional de segurança digital, muitas empresas, principalmente aquelas que não têm a tecnologia como “core business”, ainda enxergam os setores de TI como mais um custo, ao invés de um benefício essencial. “Isso faz com que elas encontrem grande resistência para obter aprovações orçamentárias necessárias para a contratação de tecnologias inovadoras e disruptivas.”

Pequenas e médias empresas

Outra pesquisa (Estudo de Maturidade Digital das Pequenas Empresas 2020) realizada em oito países (Estados Unidos, Canadá, México, Brasil, Chile, Reino Unido, Alemanha e França) pela IDC e encomendado pela Cisco mostra que a crise sanitária foi um divisor de águas na relação entre tecnologia e os pequenos negócios, fazendo com que essas companhias buscassem ferramentas digitais para continuarem operando.

Para 96% delas, o avanço do novo Coronavírus as deixou dependentes da tecnologia. Mesmo assim, 62% das empresas entrevistadas no Brasil acreditam que a digitalização de negócios é fundamental para se tornarem mais resilientes no futuro e sobreviverem aos desafios que surgirão.

Para os pequenos empresários nacionais, entre as áreas mais impactadas pela Covid-19, estão estilos de trabalho (14%), fluxo de caixa (14%), produção de vendas (13%) e produção (13%).

O relatório destaca que 51% das pequenas e médias empresas brasileiras se encontram no estágio inicial (“Digital Indifferent”) ou Fase Um de quatro estágios do processo de digitalização. A estimativa é que até US$ 9 bilhões podem ser somados ao PIB nacional até 2024, através da digitalização das pequenas empresas.

Os entrevistados brasileiros também responderam sobre os principais desafios para digitalizar seus negócios. Estão entre eles: a resistência cultural à mudança (18%); escassez de talentos e habilidades dentro da organização (17%); e falta de tecnologias necessárias para viabilizar a transformação digital (12%).

“Entre as pequenas empresas, que trabalham com um orçamento menor e possuem ambientes tecnológicos menos sensíveis, os investimentos acabam sendo menores. Já entre as médias e grandes, que estão a todo momento suscetíveis a problemas e invasões, a busca pela inovação é contínua, pois entendem que se trata de uma necessidade para manter o crescimento em franca expansão”

André Mello, vice-presidente na América Latina da NSFOCUS
Ainda em relação às limitações enfrentadas por pequenas empresas, o CEO da Centric Solution diz que as grandes empresas possam escolher soluções “de grife”, que são muito mais caras e fora do acesso das PMEs. “A opção das pequenas e médias é escolher criteriosamente ferramentas menos glamourosas, mas que, com certeza, podem atender seus requisitos corporativos”.

Por fim, as organizações disseram que, entre os principais investimentos em soluções tecnológicas que farão nos próximos 18 meses, estão soluções para ajudar os funcionários a trabalhar remotamente “e/ou” automatizar processos principais (44%); tecnologias digitais para melhorar as vendas online (44%); e criar uma estratégia digital que os ajudará a navegar na crise com metas claras (42%).

Fonte: TrendsCE por Raul Galhardi – Foto: freepik

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Rodrigo Kawasaki

Editor-chefe da Público A.