Em geral, do que um menino de quatro anos gosta de brincar? De super-heróis, dinossauros, carrinhos, videogame? Talvez seja o mais “normal” de vermos por aí. Mas a brincadeira predileta do garoto Francisco Almeida Gama é outra: a maior alegria dele é brincar de celebrar missa.
Francisco passa o dia entretido com o “kit missa” que os pais compraram em uma loja de artigos católicos. A caixa contém todos os objetos litúrgicos necessários para a “celebração”, como por exemplo, o cálice, o crucifixo, o sanguíneo, os tecidos, a patena e a hóstia. Tudo colorido e em miniatura.
Cada um imita o personagem favorito como quer
Ah! E também não pode faltar a estola sacerdotal, que foi feita sob medida para o pequeno brincar melhor. Afinal, enquanto alguns querem usar capas e fantasias de heróis, o pequeno Francisco quer estar paramentado igual um sacerdote.
Não basta somente brincar, mas saber com o que está brincando. O garoto sabe o nome e suas respectivas funções. Fato que muitos adultos não fazem ideia do que seja. “Tem que ter dois kits missa, porque um só não dá”, explica Ana Cristina Gama, mãe de Francisco.
É cotidiano, quando menos se espera, lá está o menino na “igreja doméstica”, reproduzindo os gestos, as orações e as falas do padre na missa. A parte que ele mais gosta da Eucaristia é a consagração. E ele repete – com o devido tom solene – as palavras que Jesus pronunciou na Última Ceia: “Tomai todos e comei (…) Tomai todos e bebei (…)”.
“Brinquedo não falta. Tem carrinho, massinha. Ele até brinca um pouquinho com isso, mas depois volta para a missa”, explica a mãe de Francisco. O pai do garoto acrescenta que a família, que é muito religiosa e católica, nunca forçou o garoto a nada: “Não é aquela coisa forçada, faz isso, faz aquilo. Isso é dele! Tem coisas dele que a gente pega no dia a dia que surpreendem até a gente mesmo”, explica Alexandre Silva Gama.
Amor pela missa
Francisco não gosta apenas de brincar de celebrar. Ele também faz questão de participar da Santa Missa todas as semanas na paróquia Bom Jesus da Lapa, em Araçatuba/SP (469 km de São Paulo). A frequência nas missas ocorre desde que ele estava no ventre da mãe.
Diferentemente de algumas crianças da mesma idade, o garoto não se distrai durante a celebração. “Ao contrário: ele nem pisca durante a missa”, diz a mãe.
Inclusive, a pandemia foi um período especialmente difícil para o menino, pois ele queria participar presencialmente da Missa, não apenas pela TV e pela internet. “Quando houve uma certa flexibilização da presença do público nas igrejas, nós tivemos que pedir para nosso pároco deixar a gente participar da missa dentro da igreja, pois o Francisco pedia muito isso”, lembra o pai do garoto. “Estar na missa, para ele, é como estar em um parque de diversões. É o melhor momento do dia”, acrescenta Alexandre.
Interesse pelas coisas de Deus
Além da missa, Francisco tem interesse por tudo o que é relacionado à prática da fé católica. Ele sabe reconhecer vários santos, além de rezar inúmeras orações, como o Pai-Nosso, a Ave-Maria, o Creio, a Oração do Santo Anjo, o Terço da Misericórdia e a Oração de São Bento.
Francisco é um “milagre” para os pais, o menino é o segundo filho do casal. O primeiro, Lucas, nasceu de seis meses e, depois de um dia, partiu para a Casa do Pai.
Os pais são exemplos de fé, não somente para o filho, mas dão testemunho para nós. Eles acreditam que seriam incapazes de ensinar tudo o que Francisco sabe sobre a vida espiritual. Então, quando perguntam de onde vem tanto interesse pelo sagrado e “de onde Francisco tira tanto conhecimento incomum para uma criança prestes a fazer quatro anos”, o garoto tem a resposta na ponta da língua: “É a graça de Deus”.
Presentes e sonhos
Em 2020, Francisco pediu um presente especial de Natal aos pais: um genuflexório para rezar o terço, igual ao que o padre tem na igreja. É claro que os pais atenderam a esse pedido especial.
Agora, prestes a completar quatro anos, ele quer que os pais façam uma festa com o tema “Jesus”. Pediu também um presentão: a imagem de São Miguel. Além disso, no dia do aniversário, Francisco quer fazer uma carreata, para não provocar aglomeração. Quer também que todos os convidados doem alimentos para famílias em necessidade.
Ao completar quatro anos, Francisco nutre grandes e importantes sonhos: quer ser padre e conhecer o xará dele, o Papa Francisco.
De fato, ele já está treinando para quando se tornar sacerdote. E também se prepara para ir visitar o papa no Vaticano. Como? Guardando moedas no cofrinho para pagar a viagem.
A Eucaristia é o dom mais precioso da Igreja
Na exortação Apostólica Pós-Sinodal, Sacramentum Caritatis, Papa emérito Bento XVI, diz que, na Celebração Eucarística, “o Senhor vem ao encontro do homem, criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1, 27), fazendo-Se seu companheiro de viagem. Com efeito, neste sacramento, Jesus torna-Se alimento para o homem, faminto de verdade e liberdade” (Sacramentum Caritatis, n.2). O próprio Senhor, sabendo que só a verdade pode tornar verdadeiramente o homem livre (Jo 8, 36), Ele mesmo se faz alimento de verdade diariamente na Santa Missa para nós.
O que podemos aprender com o pequeno Francisco?
Primeiramente, a amar os sacramentos e a vida de oração. Dar valor à Santa Missa, saber bem participar com amor e zelo cada celebração.
No tempo do lockdown, precisamos adaptar as transmissões das Celebrações. O que para muitos gerou um certo comodismo, pois acabaram perdendo o valor sacramental da Eucaristia. Francisco, o menino que brinca de missa, nos ensina que devemos amar mais o milagre que ocorre no Altar. Cristo se dá a nós; em cada celebração podemos tocar nesta oferta.
Afinal, se todos os fiéis souberem o real valor da Eucaristia, participarão mais ativamente da Santa Missa. Tendo consciência de que a Eucaristia é o dom mais precioso da Igreja, teremos motivação suficiente para participarmos, se possível, todos os dias da Santa Missa.
Fonte: Comunidade Shalom / Colab. Ricarco Sanches- Aleteia – Foto: divulgação/arquivo pessoal
