Vencedor de 30 prêmio nacionais e internacionais, o longa é inspirado na história real de Pureza Lopes Loyola; exibição será em homenagem ao reconhecimento do governo
americano por sua luta contra a escravidão moderna no Brasil
|
pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, por seus esforçosno combate aos trabalhos em condições análogas à escravidão no Brasil.
Aos 80 anos, Pureza Lopes Loyola é a única brasileira a receber os dois prêmios internacionais mais importantes na luta contra o trabalho escravo e tráfico humano no mundo. Em 1997, em Londres, recebeu o prêmio Antiescravidão oferecido pela organização não-governamental britânica Anti-Slavery International, a mais antiga organização abolicionista em atividade, um feito inédito para uma mulher nordestina, preta, pobre e que se alfabetizou somente aos 40 anos, com o objetivo de ler a Bíblia.
|
Entre 1995 e 2021, o Grupo Móvel libertou mais de 62 mil trabalhadores em condições análogas à escravidão. Em 2018, segundo estimativas da Walk Free Foundation, 369 mil pessoas foram submetidas à escravidão no Brasil. No mesmo ano, segundo a OIT, 40,3 milhões de pessoas foram submetidas à escravidão em todo o mundo. No ano passado, a estimativa da OIT para escravizados no mundo subiu para 50 milhões.
|
Pureza Lopes Loyola nasceu em Presidente Juscelino, município a 85 km de São Luís (MA), e se mudou para Bacabal, a 240 km da capital, onde o marido tinha parentes. Com o fim do casamento, a sobrevivência passou a depender da olaria familiar e da venda de tijolos na qual trabalhava com seus cinco filhos.
Em 1993, depois de meses sem notícias do filho caçula, Antônio Abel, que partiu para a Amazônia em busca da sorte no garimpo, Pureza decidiu seguir seu rastro. Com a roupa do corpo e munida de uma bolsa, sua Bíblia e uma foto de Abel, Pureza estava decidida a encontrá-lo vivo ou morto. Sabia apenas que ele tinha ido ao Pará.
Em sua busca determinada por Abel, Pureza visitou grandes fazendas e descobriu um perverso sistema de aliciamento e escravidão de trabalhadores “contratados” para derrubar grandes extensões de mata nativa a fim de converter a área em pastagem para o gado. De fazenda em fazenda, Pureza conheceu de perto o drama dos peões, tornando-se amiga e confidente dos trabalhadores. Conheceu por dentro o sistema pelo qual os empregadores confiscavam documentos de identidade dos empregados e tornavam-nos totalmente dependentes dos encarregados para obter ferramentas de trabalho, víveres e produtos básicos. Ouviu relatos dramáticos de trabalhadores que poderiam ser mortos se tentassem se rebelar ou fugir.
Com a ajuda da Comissão Pastoral da Terra – a CPT, Pureza entrou em contato com o Ministério do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho no Maranhão, no Pará e em Brasília. Chegou a escrever cartas para três presidentes da República: Fernando Collor, Itamar Franco (o único que lhe respondeu) e Fernando Henrique Cardoso. Até hoje, ela guarda uma cópia de cada uma dessas cartas. Hoje, Abel vive em Bacabal com Pureza e a família. A política de combate ao trabalho escravo no Brasil se tornou referência mundial.
|
de trabalhadores feito à base de falsas promessas de “emprego bom” e “salário bom”, esses passando por situações de grande violência física e emocional, apreensão dos documentos, endividamento enganoso, jornadas exaustivas, condições degradantes e até cárcere privado. Como diz Dona Pureza, “para boa parte desses escravizados, o salário é a morte”.
|
Justiça e Arte cinematográfica, tendo como entusiastas juízas e juízes, desembargadoras e desembargadores, procuradoras e procuradores do trabalho (MPT) por todo o país.
Foto: divulgação